Indicação do ambu nas doenças neuromusculares
O ambu é uma sigla em inglês para Artificial Manual
Breathing Unit traduzindo seria Unidade manual de respiração artificial ou
reanimador manual.
Há uma divergência entre os autores sobre o melhor momento de iniciar os exercícios com o ambu, se CVF abaixo de 70% ou se CVF abaixo de 80% porem todos concordam que a técnica de empilhamento é o mais efetivo exercícios respiratório a ser realizado, no entretanto deve-se evitar exercícios de endurance pulmonar como encher balões, assoprar canudinho na agua e o uso do respiron ou voldine, esses últimos provocam o fadigamento da musculatura intensificando a fraqueza muscular .
Os exercícios com o ambu pela técnica de empilhamento visa atingir a capacidade Máxima de Insuflação que é a maior quantidade de ar que pode entrar no pulmão. Os efeitos do empilhamento são: Recrutamento alveolar, alongamento da musculatura do tórax, aumento na oxigenação e auxilio a tosse.
Em portadores de doenças neuromusculares ocorre diminuição da força da musculatura torácica, assim o volume de ar que entra nos pulmões (volume corrente) é reduzido. Quando o volume corrente é reduzido os alvéolos mais distantes podem ficar sem receber ar. Os alvéolos que não recebem ar acabam se fechando e consequente uma queda importante na saturação de oxigênio, além do acúmulo de secreções pulmonares nesses alvéolos fechados. Os exercícios de empilhamento com o ambu faz o recrutamento alveolar fazendo comque esses alvéolos se abrão prevenindo acumulo de secreção.
O alongamento da musculatura do tórax ocorre pela expansão do pulmão ao atingir a capacidade máxima de insulflação. A base biomecânica do encurtamento da musculatura torácica seria devido à fraqueza desses músculos como consequência leva à maior dificuldade respiratória com o passar do tempo cada vez se torna mais difícil colocar ar dentro dos pulmões.
Técnica do Empilhamento
Com o paciente sentado, acomodar a máscara do AMBU ao redor do nariz e da boca do paciente; Pressionar firmemente a máscara (pressão para cima) para que não ocorra escape de ar; Insuflar o AMBU por quantas vezes forem necessárias para encher todo o pulmão do paciente (geralmente são necessárias de 2 até 5 insuflações ou mais se o paciente agüentar). Depois de empilhar quantas insuflações do ambu forem possíveis, retirar rapidamente a máscara e encorajar o paciente a segurar essa quantidade de ar por 5 ou 6 segundos.
Manobra da tosse após o empilhamento
Para realizarmos uma tosse efetiva que consiga eliminar secreções é necessário: Força para inspirar o mais profundamente possível para conseguir a maior quantidade de ar que puder. Quanto maior a quantidade de ar mais forte será a tosse. E força para expirar o mais rápido possível. Para isso utilizar o AMBU + Empilhamento da Respiração para conseguir a maior quantidade de ar que possa entrar nos pulmões após isso podemos utilizar a “tosse assistida manual”, ou seja, compressão no tórax para baixo e para dentro que faz a “aceleração” do ar que está sendo expelido. Dessa maneira conseguimos dar força à tosse e finalmente eliminar secreções pulmonares.
Após perda da marcha a recomendação da ATS Acompanhamento com especialista respiratorio 2x ao ano Após confinamento na cadeira de rodas ou quando a CVF abaixo de 80% ou Após 12 anos de idade.
Terapias ventilatórias contraindicadas nas doenças neuromusculares
Considerando as alterações fisiopatológicas envolvidas nas doenças neuromusculares São contraindicadas Oxigenoterapia: o uso isolado de oxigênio atua nos receptores carotídeos, reduzindo os impulsos dos músculos respiratórios, possivelmente levando a narcose e morte; e também está contra indicado os Potenciadores respiratórios de pressão não linear ou linear (Respiron / Voldyne ou Threshold): a indicação inadequada desses equipamentos pode levar a uma sobrecarga muscular excessiva e desnecessária, com instalação precoce de fadiga respiratória.
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